Êxodo 20.1-3
“Êxodo 20:3 Não terás outros deuses diante de mim.”
Os dez mandamentos, foram entregues por
Deus a Moisés no monte Sinai em tábuas de pedras. No entanto, é importante
frisar que a lei de Deus não teve sua origem no monte Sinai. A entrega das
tábuas da lei a Moisés, se constitui um marco na história do povo hebreu,
porque sinaliza o início da lei na forma escrita àquela nação. Portanto,
deve-se entender, que mesmo antes do Sinai, a lei de Deus já existia.
Para que se entenda melhor os dez
mandamentos, é importante esclarecer alguns pontos fundamentais, e que muitas
vezes passam despercebidos por muitos. Entre eles, destacamos:
O conceito de lei
e graça nas Escrituras. Sempre que esse assunto é abordado, tem
sido comum alguém indagar: “não estamos mais no tempo da lei e sim da graça,
por essa razão, o Novo Testamento é mais indicado para nós do que o Antigo
testamento”. Ou o Antigo Testamento é lei e nós estamos na graça e não mais na
lei. Essas afirmações, exigem explicações precisas, porque tem levado muitas
pessoas a interpretar as Escrituras de forma equivocada. Primeiro porque quando
a bíblia fala acerca da lei, é importante que nós identifiquemos a que lei
especificamente o autor sagrado está se referindo. Nós encontramos nas Escrituras,
três tipos de lei, que Deus determinou a sua observância. A lei civil, que
envolvia as obrigações de Israel para com o Estado. É por essa razão que no
Novo Testamento é possível encontrar o nosso Senhor Jesus referindo-se ao
pagamento dos impostos dizendo: “Lucas 20:25 dai, pois, a César o que é de César e a Deus o
que é de Deus.” Isso era o exercício da lei civil. A fidelidade do homem
para com as leis da nação Israelita.
Em si tratando do estudo das leis de Deus,
não podemos deixar de mencionar o conjunto de leis cerimoniais, praticadas por
séculos pelos judeus, e incentivadas
pelo próprio Cristo. No evangelho de Lucas Encontramos o Senhor Jesus após
curar um homem com o corpo coberto de lepra, dizer-lhe: “Lucas 5:14 Ordenou-lhe
Jesus que a ninguém o dissesse, mas vai, disse, mostra-te ao sacerdote e
oferece, pela tua purificação, o sacrifício que Moisés determinou, para servir
de testemunho ao povo.” E por fim os escritores bíblicos também
mencionam inúmeras vezes a lei em seu caráter moral. Essa lei moral, foi dada
ao povo de Deus, por estatuto perpétuo.
Sempre que aparecer a expressão lei na
bíblia, é preciso identificar a que tipo de lei o autor bíblico está se
referindo; Lei civil, cerimonial, ou lei moral; a fim de que interpretações
equivocadas não sejam cometidas.
Outro detalhe importante, é não atribuir a
graça do Senhor, um caráter neo-testamentário. Quando uma pessoa afirma que a
graça de Deus teve sua origem no Novo Testamento, ele está deixando de
reconhecer, a obra da redenção no Antigo Testamento, o que se constitui um erro
hermenêutico muito grande. É preciso que se entenda, que a própria dádiva da
lei, foi uma autêntica manifestação da graça de Deus. Deus tirou o seu povo da
Terra do Egito, da casa da servidão como ele mesmo diz no verso 2 “Êxodo 20:2 Eu sou o
SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.”
E logo em seguida lhes deu um conjunto de normas e regras, para que esse povo
as observasse, e soubesse como viver em harmonia, e plena comunhão com o seu
Deus, e isso é a mais pura manifestação da graça divina. A lei cerimonial
manifestava a graça do Senhor, porque o homem mesmo vivendo no período
conhecido como Antiga Aliança, ou como muitos chamam de Antigo Testamento,
mesmo assim a observância da lei cerimonial, de forma correta, lhe garantia pela
fé naquilo que ela representava o perdão dos pecados. Em Levítico está escrito
assim: “Levítico 4:35 Tirará
toda a gordura, como se tira a gordura do cordeiro do sacrifício pacífico; o
sacerdote a queimará sobre o altar, em cima das ofertas queimadas do SENHOR;
assim, o sacerdote, por essa pessoa, fará expiação do seu pecado que cometeu, e
lhe será perdoado.” O perdão dos pecados inequivocamente, era a mais
pura manifestação da graça de Deus. A graça de Deus compreende a Antiga Aliança
e Nova Aliança, toda a história da humanidade está recheada com a graça do
nosso Deus.
Outro ponto que precisa ser observado é o
conceito de que o Antigo Testamento foi dado para um povo específico, (Israel) portanto sua mensagem precisa
ser adaptada para a igreja hoje.
Gosto muito da forma com que a CFW se
refere as escrituras, ela diz: “Sob o nome de Sagrada Escritura, ou palavra de Deus escrita,
incluem-se agora todos os livros do Velho e Novo Testamentos, todos
dados por inspiração divina para serem a regra de fé e prática...”
Não acreditamos em algumas partes das Escrituras. Nós cremos que toda ela é
inspirada por Deus! E Paulo nos ensina que assim foi para que fossemos
instruídos, repreendidos; educados; corrigidos; e habilitados para a obra de
Deus. “2 Timóteo 3:16 Toda
a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para
a correção, para a educação na justiça, 2 Timóteo 3:17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado
para toda boa obra”. Portanto, não precisamos de uma mensagem diferente
ou de uma mensagem nova para cada povo, tribo, língua ou nação, porque a
mensagem da graça hoje, é absolutamente a mesma que nossos antepassados
experimentaram a mais de 2000 anos atrás. Temos hoje, tudo que o homem precisa
para ser liberto do pecado e viver em novidade de vida, a palavra de Deus.
Outro fato importante a destacar, é que Cristo
está em todo o Antigo Testamento. De maneira que pregar o Antigo Testamento,
sem mostrar a pessoa de Cristo, é um equívoco que precisa ser urgentemente
corrigido, por muitos pregadores.
Feito esses esclarecimentos, vamos ao primeiro
mandamento, que diz: “Êxodo 20.3 Não terás outros
Deuses diante de mim.” Esse mandamento começa com uma negativa,
claramente diz: “NÃO”. O contexto vivido pelos
judeus não era muito diferente do contexto vivido por nós hoje. No Egito, terra
onde viveram por longos anos, conviveram com práticas politeístas, a crença na
existência de vários deuses. Basta lembrar as 10 pragas com as quais foram
acometidos. Cada praga era uma referência a um deus que os egípcios adoravam.
Se os egípcios matavam seus primeiros filhos e os ofereciam em oferta a uma
divindade, como forma de culto, reverência e adoração, como castigo, Deus manda
as pragas da morte dos primogênitos. Eles também adoravam as águas do rio Nilo,
e como castigo Deus transformou aquelas águas em Sangue. Se Os egípcios eram
politeístas, adoradores de vários deuses, Israel era monoteísta, adorava apenas
um Deus, que era o Deus criador dos céus e da terra, o Deus que nós adoramos.
Assim como os egípcios, a nossa sociedade
é politeísta, porque adora vários deuses. No segundo mandamento iremos tratar
melhor essa questão. Aqui, o Senhor diz: “Êxodo 20.3
Não terás outros Deuses diante de mim.” Esse mandamento contém alguns
deveres que nós devemos cumprir, e nos faz entender alguns pecados que devemos
evitar cometer.
Quando o Senhor proíbe o seu povo de se
relacionar com outros deuses, obriga-os a crer. Se os mandamentos foram normas
e regras para que o povo soubesse como se relacionar com Deus, uma dessas
normas era crer nele. Por essa razão o escritor aos hebreus disse: “Hebreus 11:6 De fato,
sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se
aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o
buscam.” O próprio Deus ao dar a Moisés esses mandamentos, deixa claro
que se trava de leis, não eram simples orientações, pedidos, Não! Eram leis,
foram criadas por um legislador, e Deus era esse legislador por isso disse no
verso 2: “Êxodo 20:2 Eu
sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão.” Deus está dizendo: Eu sou o Senhor, vocês são meus servos, portanto,
devem me obedecer inquestionavelmente.
O primeiro mandamento enfatiza a unicidade
de Deus. Ele é único, não há outro. “1 Samuel 2:2 não há santo como o SENHOR; porque não há
outro além de ti; e Rocha não há, nenhuma, como o nosso Deus.” Tentar se
relacionar com Deus, sem verdadeiramente crer nele, era grave mal. E muitos
judeus fizeram isso, cometeram esse erro e foram reprovados por Deus, e a
bíblia alerta-nos a não cometermos esse mesmo erro. “Hebreus 3:12 Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em
qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo”.
Aprendemos com esse mandamento, que sendo Deus o único Senhor, exige de nossa
parte comunhão e não alienação. No livro do profeta Ezequiel está escrito: “Ezequiel 14:7 porque
qualquer homem da casa de Israel ou dos estrangeiros que moram em Israel que se
alienar de mim, e levantar os seus ídolos dentro do seu coração, e tiver tal
tropeço para a iniqüidade, e vier ao profeta, para me consultar por meio dele,
a esse, eu, o SENHOR, responderei por mim mesmo.
Ezequiel 14:8 Voltarei o rosto contra o tal homem, e o farei sinal e provérbio, e
eliminá-lo-ei do meio do meu povo; e sabereis que eu sou o SENHOR.” Deus tirou o seu povo da terra do Egito da casa da
servidão para se relacionar com ele, E Israel precisou sofrer para aprender
isso. Deus tinha propósitos especiais para o seu povo, mas infelizmente nem
todos atentaram pra isso. Veja que em Deuteronômio Ele diz: “Deuteronômio 8:3 Ele
te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não
conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão
viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do SENHOR viverá o homem.”
Quantas vezes esse mesmo erro acontece em
nossos dias? Às vezes nos ocupamos demais com a casa, com as atividades do dia
a dia, com o lazer, com tantas coisas, e nos esquecemos que tudo isso um dia irá
passar. Tiago escreveu sobre um grupo de pessoas que estavam exacerbadamente
preocupadas em ganhar dinheiro, preocupadas com as coisas materiais e esquecendo-se
de Deus, a esses tais Tiago diz: “Tiago 5:3 o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de
ferrugens, e a sua ferrugem há de ser
por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas
carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias.”
É importante que destaquemos também, que as
vezes corremos o risco de endeusar pessoas, coisas, empregos, como se nossa
vida dependesse deles e definitivamente não depende. Dependemos de Deus! E,
quando colocamos outra coisa no lugar de Deus, estamos ferindo o primeiro
mandamento.
Quando o homem coloca o lazer, o marido, a
esposa, o dinheiro no lugar de Deus, está transgredindo o primeiro mandamento.
Não devemos considerar nenhuma criatura como a fonte de nenhuma bênção ou mesmo
nenhum sucesso que possamos gozar. Davi entendeu isso! Quando estava de posse
dos materiais para construção do templo, Ele olhou para toda aquela riqueza e
disse: “1 Crônicas 29:14 Porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos dar
voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos”.
Em Cristo Jesus, Senhor nosso.
Comentários:
Postar um comentário